Introdução

São apresentados os 5 métodos para o cálculo do índice de risco de incêndio: Angstron (B), Fórmula de Monte Alegre (FMA), Fórmula de Monte Alegre modificado (FMA+), Nesterov (G) e Telicyn (I). Estes métodos estão descritos amplamente na literatura (SOARES, 1972; NUNES, 2005). Serão descritas as variáveis que cada método usa como entrada e a parte teórica dos métodos considerados neste sistema, para que o usuário possa escolher o método mais apropriado.

Variáveis usadas para o cálculo do índice de risco de incêndio, conforme o método.

Cada um dos métodos tem variáveis climáticas como entrada, com suas respectivas datas, as quais são:
B: dia, mês, ano, umidade relativa do ar e temperatura do ar.
FMA: dia, mês, ano, umidade relativa do ar e precipitação.
FMA+: dia, mês, ano, umidade relativa do ar, precipitação e velocidade do vento.
G: dia, mês, ano, umidade relativa do ar, temperatura do ar e precipitação.
I: dia, mês, ano, precipitação e temperatura do ar.

Os índices G, I, FMA e FMA+ consideram o passado (dados de dias anteriores) para o cálculo de risco de incêndio. É levado em conta o fato da vegetação ter perdido água e assim ser mais fácil de existir queima na vegetaç&ção. A FMA+ leva em conta a ação do vento em espalhar calor. O método de Angstron não leva em conta o passado e com isso tende a errar mais as previsões de risco de incêndio. Conforme as variáveis climáticas disponíveis, com dados diários, pode-se escolher o índice mais apropriado. A seguir, é apresentada a fórmula de cálculo de cada índice.

1 - Índice de Angstron (B)

Trata-se de um índice não-acumulativo, desenvolvido na Suécia, e baseia-se fundamentalmente na temperatura e na umidade relativa do ar, ambos medidos diariamente às 13hs, cuja interpretação é a seguinte: sempre que o valor de B for menor do que 2,5 haverá risco de incêndios, isto é, as condições atmosféricas do dia estarão favoráveis à ocorrência de incêndios.

O valor de Angstron é dado pela fórmula:

B = 0.050*H - 0.10*(T - 27), H = umidade relativa do ar (%) e T = temperatura do ar(℃).

Se (B > 2.5) então não tem risco. Senão, tem risco.

2 - Índice logarítmico de Telicyn (I):

Sejam t = temperatura do ar (°C), r = temperatura do ponto de orvalho (°C), log = logaritmo na base 10 e n = número de dias sem chuva.

A fórmula de Telicyn (I) é dada por

Este índice foi desenvolvido na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e tem suas variáveis medidas diariamente às às 13hs. O índice é acumulativo, isto é seu valor aumenta gradativamente, como realmente acontece com as condições de risco de incêndio, até que a ocorrência de uma chuva o reduza a zero, recomeçando novo ciclo de cálculos.

O índice apresenta a restrição de que sempre que ocorrer uma precipitação igual ou superior a 2,5 mm, deve-se abandonar a somatória e recomeçar o cálculo no dia seguinte, ou quando a chuva cessar. Nos dias de chuva o índice é igual a zero. Como o índice é acumulativo, a interpretação do grau de perigo é feita por meio de uma escala (Tabela 1).

Tabela 1. Escala de perigo de incêndio do índice logarítmico de Telicyn.

Valor	Grau de Perigo
≤ 2	Nenhum
2.1 a 3.5	Pequeno
3.6 a 5.0	Médio
> 5.0	Alto

3 - índice de Nesterov (G)

Sejam d = déficit de saturação do ar (milibares), t = temperatura do ar em (°C), n = número de dias sem chuva menor que 10,0 mm. Este índice, também cumulativo, foi desenvolvido na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e aperfeiçoado na Polônia e suas variáveis são medidas diariamente às 13hs. O déficit de saturação do ar, que é a diferença entre a pressão máxima de vapor de água e a pressão real de vapor de água, é calculado por meio da seguinte expressão:

Figura 1 - Fórmula de cálculo do Índice de Nesterov.

No índice de Nesterov, a continuidade do somatório é limitada pela ocorrência das restrições apresentadas na Tabela 2 e sua interpretação é dada pela Tabela 3.

Tabela 2. Restrições do índice de Nesterov em função da quantidade de chuva do dia.

Tabela 3. Escala de perigo do índice de Nesterov (G)

4 - Fórmula de Monte Alegre (FMA)

É o primeiro índice de perigo de incêndios do Brasil, sendo também acumulativo, cujas variáveis são medidas às 13hs. Por ser acumulativo, o índice está sujeito a restrições de precipitação (Tabela 4). A variável H, na tabela 4, significa umidade relativa do ar (%). A interpretação dos resultados da fórmula é dada pela Tabela 5

Sejam Hi = umidade relativa do ar (%) e n = número de dias sem chuva maior ou igual a 13,0 mm. A fórmula de Monte Alegre é dada por

Tabela 4. Restrições da Fórmula de Monte Alegre (FMA) em função da quantidade de chuva do dia.

Tabela 5. Escala de perigo de incêndio da Fórmula de Monte Alegre (FMA).

5 - Fórmula de Monte Alegre Modificada (FMA+)

A fórmula inclui a velocidade do vento à FMA. É um índice também acumulativo e seus dados são obtidos às 13hs. Está sujeito às restrições de precipitação, conforme a Tabela 6, e o grau de perigo de acordo com a Tabela 7. A variável H, na tabela 6, significa umidade relativa do ar (%).

Sejam Hi = umidade relativa do ar (%), n = número de dias sem chuva maior ou igual a 13,0 mm, v = velocidade do vento (m/s) e e = base do logaritmo natural (valor igual a 2,718282). A fórmula de Monte Alegre Modificada é dada por

Tabela 6. Restrições ao somatório da (FMA+) em relação da quantidade de chuva do dia.

Tabela 7. Escala de perigo de incêndio da (FMA+).

Informações sobre a eficiência dos índices de risco de incêndio para a condição de Pantanal (Soriano et al., 2015) podem ser acessadas aqui